sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Tristeza não tem fim. Felicidade sim.

É a tristeza. A tristeza, essa vilã sádida, que te consome. Olhar pro lado, o vazio, a escuridão, o cinza e tudo aquilo que você não queria ver. É a tristeza, essa donzela sem coração. Ela esmaga seu coração, sufoca sua alma e faz um buraco no teu peito... É, tristeza: Você deixa todos assim.
Eu gostaria de me livrar de ti, Tristeza, mas eu não posso. Você é como uma erva-daninha, pouco a pouco consumindo cada polegada de mim; você é o pior tipo de praga, a mais vil das pestes.
Admito, é claro, que a felicidade sem ti seria nada. Nós só conhecemos a felicidade, porque conhecemos a ti, Tristeza. Ou vice-versa. Mas eu não tenho tempo para entrar em divagações pseudo-filofósicas agora; não quando tento me livrar de ti. Talvez seja você que esteja me impedindo de continuar, talvez seja você que me impeça de tentar me livrar. Não é uma batalha justa, senhora. Ter você em meu peito faz com que eu não tenha forças pra tentar te tirar daí. É como se fosse um círculo vicioso, um dado viciado, um jogo onde a Casa sempre perde.
Nem mesmo a melodia do jazz ou o sabor do vinho esquecido no armário podem te tirar daí. Às vezes eu só queria poder saber lidar com você; só queria poder saber como faço pra conviver contigo.
Como você foi parar aí, Tristeza, eu não sei. Talvez sejam algumas decepções passageiras, talvez uma mera desilusão amorosa, talvez ter perdido alguém. Só sei que o buraco aberto no meu peito não pode se fechar mais. Pelo menos, não tão cedo.
Mas se bem que nem em tudo você é ruim. Eu tento te pôr pra fora cantando, escrevendo e compondo. Acontece que você não some, mas pelo menos, alguma coisa eu produzo. Na verdade, até que gosto de ter você aqui, de um jeito bem esquisito.
Veja bem, não estou dizendo que gosto de ti. Só estou dizendo que às vezes, é bom que você passe algumas temporadas por aqui. Junto com lágrimas vêm inspiração. Junto com o choro escondido no travesseiro vem sabedoria. Junto com o desespero, acaba vindo a compreensão.
Talvez eu esteja só sendo otimista. Talvez seja um sinal de que você esteja finalmente indo.
Mas talvez eu não queira que você vá. É como se fosse um círculo vicioso, um dado viciado, um jogo onde a Casa sempre perde.

Um comentário:

  1. bela definição, apesar de demonstrar interesse puro sobre a mesma.

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